sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Um passeio de trike

O ano era 2000. Mais precisamente o mês de Maio de 2000.

Minha primeira viagem ao exterior. A trabalho, eu participaria de um exposição das máquinas com as quais eu trabalhava. A feira era a Achema, em Frankfurt, Alemanha, a ser realizada entre os dias 22 e 27. Eu confesso que estava bastante ansioso, com toda aquela expectativa de pisar solo estrangeiro, com todas aquelas imagens de "outro mundo" que nos fazem acreditar serem os países de primeiro mundo.

Fui com meu chefe de então. Saímos do Galeão, no Rio de Janeiro, com destino primeiro a Paris, França. Aliás, meu chefe foi quem organizou tudo e eu fui bem como passageiro, não só por conta da chefia no trabalho, mas também porque não tinha muita ideia do que fazer, exceto quanto ao próprio trabalho. E meu chefe planejou um dia inteiro para aproveitar Paris.

Fizemos aqueles programas típicos de turista: visitamos a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo, a Champs Élysées... A máquina ainda era analógica e tirei várias fotos. Todas perdidas por uma abertura equivocada para tirar o filme. Fiquei sem registro deste dia. Mas foi bem legal.

De Paris voamos a Frankfurt, Alemanha, e de lá fomos direto a Ilshofen, sede da matriz da empresa, onde receberíamos um treinamento sobre as máquinas e acompanharíamos um pouco do processo produtivo da empresa. Passaríamos o fim de semana lá, dias 20 e 21, e na segunda-feira, 22, partiríamos para a Achema. E, como eu disse, eu não sabia o que esperar deste tempo de folga. Dependia do meu chefe.

Não tenho certeza de que este foi o trajeto,
dada minha "dependência" do chefe,
mas acredito que tenha sido, ida e volta.
Pois ele alugou dois trikes, um para cada, e decidiu que iríamos a Innsbruck, na Áustria, junto com um amigo dele que morava em Nuremberg, para esquiar. Não escondi a surpresa nem o prazer pela sugestão dele. 

Pegamos o trike ainda na sexta-feira, e no sábado chuvoso partimos para Nuremberg. Durante o início até fomos acompanhados pela moto esportiva de um colega local, mas a chuva o fez desistir bem rápido.

Em Nuremberg encontramos o amigo do meu chefe, fizemos um passeio pela cidade e os três já partimos para Innsbruck, eu no meu trike, meu chefe e seu amigo no dele.

O trike é, de fato, bem diferente de uma moto. Também bem diferente de um carro. Costumam dizer que tem todos os problemas da moto sem nenhuma vantagem do carro. Eu achei, longe disso, que é bastante divertido. É preciso se acostumar com os comandos, principalmente o câmbio na mão, como de carro, mas é coisa de dois minutos. Depois é só aproveitar. E devo dizer que é bem mais confortável que uma moto, além de todo o espaço para bagagem. Se algum dia eu tiver restrições físicas para andar de moto, certamente terei um trike!

No hotel, antes de sair para a viagem.
O trike era impressionante!
Os trikes, a esportiva, meu chefe e nosso colega alemão.
Em Innsbruck tive instruções para tentar esquiar. Simplesmente não consegui. Minhas pernas abriam ou fechavam sempre. Mover-me era uma impossibilidade. O rapaz lá me sugeriu o snowboard. Perfeito! Fui para as partes menos íngremes da montanha (e mesmo assim a velocidade da coisa assusta) e me diverti bastante. A propósito, apesar de toda neve o dia era quente à beça. 

Eu e o amigo do meu chefe no bondinho para a estação de esqui.
Eu, fazendo o possível no snowboard.
Depois da diversão em Innsbruck voltamos a Ilshofen, passando novamente em Nuremberg para deixar o amigo do meu chefe. De lá para uma semana pesada de trabalho em Frankfurt e depois a volta para casa, novamente com um dia inteiro disponível em Paris. Como eu voltei sozinho, ao invés do "programa turista padrão", fui direto ao Louvre e passei o dia inteiro lá. Novamente sem o registro de fotos.

Eu, na Achema, com dois colegas, um alemão e um uruguaio.
Devo confessar que esta minha primeira viagem fez perder muito daquele "encanto outro mundo" em relação ao exterior. Voltei para casa mais ciente de minha herança brasileira e feliz com ela, apesar da "brasilidade" (do que falo com frequência em outros lugares) e da minha inadequação que não raro me identifica com estrangeiros. E voltei com ainda mais prazer por viajar, por todos os meios de transporte possíveis, sabendo que tenho um lar para o qual voltar.

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