quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Abstinência, Sons of Anarchy e um pouco mais de cultura

Sons of Anarchy: O sacrifício digno | by Matheus Yann Muniz | Medium

Por conta da pandemia e de um problema mecânico, estou sem rodar e sem muito a fazer em termos "motociclísticos". Mais por esta abstinência de moto que por qualquer outra coisa comecei a rever Sons of Anarchy.

O interessante é que passei a reparar em coisas que jamais teria reparado antes.

Por exemplo, há um episódio chamado "The Push". Foi traduzido como "A separação". Isso porque Jax força uma separação de Tara. Acontece, porém, que é a partir daí que os Sons se aproximam dos Mayans, que traficam heroína.

Bem, isso me chamaria pouca atenção se eu não curtisse "The Pusher", do Steppenwolf. Ora, "Born to be wild" é clichê e não está no seriado. "The Pusher" também não, mas esta música me informa que o "dealer" tem a erva do amor em suas mãos, enquanto o "pusher" é um monstro desalmado que só traz a morte.

Passei a ter muito respeito a tradutores, pois eles têm um trabalho bastante difícil e, mesmo que falhem aqui e ali, devem muito mais ser louvados que criticados. Mas... é óbvio que "The push" deveria ser "O tráfico".

Mais para frente há um episódio em que Juice, um "porto-riquenho do Queens", tenta se enforcar em consequência de um emaranhado de situações cuja principal razão é ele ser filho de um negro.

Então, enquanto ele, Juice, ou "Suco", se prepara para o ato, começa a tocar "Strange Fruit" (que fala sobre o estranho fruto de corpos negros pendentes de árvores no sul dos EUA) e o nome do episódio é “Fruit for the crows”.

Tudo óbvio. Mas é preciso olhos para ver. Hoje sei um pouco mais do que das outras vezes que vi. Só agora, na quarta visita à série, é que sou capaz de ver o óbvio.

E, além destas referências em alguns episódios, ver a série tendo Hamlet como pano de fundo é por demais interessante, seja no que se assemelha, seja no que se afasta.

Baita! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente o que quiser, concordando ou discordando, sugerindo, elogiando ou criticando, mas seja sempre educado. Qualquer comentário que seja ofensivo ou vulgar não será publicado.
Comentários de anônimos sem assinatura também não serão publicados, qualquer que seja seu conteúdo. Nem comentários puramente marketeiros.