Eu já mencionei em
A garagem dos sonhos 3 que gostaria de ter um "clássico" na garagem, e que este clássico seria preferencialmente um Opala com engine swap V8. Na época eu achava que o visual do SS era o que podia haver de melhor. Então vi uma reportagem que mudou radicalmente minha visão sobre isso.
Esta postagem nasce justamente porque, enquanto procurava esta reportagem para mostrar a um amigo, não a encontrei. Encontrei apenas o anúncio no
Flat Out de quando o Opala desta reportagem estava à venda. Com o temor de nem isso mais encontrar no futuro (porque vai que um dia um tal projeto me seja possível...), resolvi transcrever este anúncio de forma a ter tudo à mão.
Acredito tratar-se de um Opala Especial 78 (já que não encontrei o ano) cujo projeto ficou de muito bom gosto e já me faz dispensar as faixas do SS.
Segue primeiro o texto do anúncio e depois todas as fotos que encontrei, inclusive de outras fontes além do Flat Out.
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Por Dalmo Hernandes (10 de fevereiro de 2015)
Fotos: Bruno Guerreiro, Marcos Camargo e Fernando Demarco
Uma das brincadeiras mais comuns entre os gearheads é dizer que sonho de todo Opaleiro é colocar um V8 no cofre do Chevrolet. Considerando o potencial do seizão, é claro que nem sempre isso é verdade, mas é fato que este é um swap bastante popular que, se feito da forma certa, transforma o Opala em um legítimo muscle car ao resolver aquele que, para muita gente, é o único defeito do carro. O Achados Meio Perdidos de hoje é exatamente isto: um Opala V8 350 que já foi até matéria de revista e agora está à venda. Está a fim de levar para casa um projeto pronto?
É clichê dizer isto, sabemos, mas o Opala dispensa apresentações — o carro baseado no Opel Rekord C foi lançado no Brasil em 1968, e seu desempenho, seu visual e seu carisma inigualável o tornaram um dos maiores sucessos de público e crítica da Chevrolet no Brasil — seja com quatro ou seis cilindros; sedã, cupê ou a perua Caravan; esportivo (SS) ou elegante (Diplomata), o Opala conquista mais admiradores ano a ano, mesmo quase cinco décadas depois.
Só que ele nunca ganhou o motor V8 que merecia, e por isso muitos donos o colocam por conta própria. Normalmente a receita envolve um small block Chevy, o famoso motor de 5,7 litros que equipou diversos modelos não só da Chevrolet, mas de praticamente todas as marcas que viveram sob a asa da GM — incluindo o Holden Monaro HK, versão cupê da primeira geração do clássico australiano que, como nosso Opala, foi derivado do Rekord C.
Se você é atento, já entendeu o que isto significa: colocar um V8 350 no Opala não é uma missão impossível. É óbvio que nenhum engine swap é fácil, mas nesse caso o casamento perfeito de motor e carro é quase inevitável.
O carro começou a vida como um quatro-cilindros, sendo a base perfeita para receber o motor V8 350 por possibilitar o aproveitamento da posição original do câmbio. O serviço foi projetado e realizado por João Luiz Martins, da Xtreme Garage.
Para adaptar o motor no cofre do Opala não foram necessárias modificações muito radicais: as longarinas dianteiras receberam pequenos chanfros para não entrar em contato com os coletores de escapes, o agregado da suspensão dianteira foi reforçado, as molas dianteiras foram trocadas pelas do Opala de seis cilindros (para aguentar o peso extra do motor, que pesa cerca de 30 kg a mais que um seis-em-linha de 4,1 litros) e o motor passou a ser fixado diretamente no monobloco por barras tubulares, fabricadas especialmente para o carro.
O motor, fabricado em 2002, também foi modificado — e a preparação foi de respeito: com cabeçotes de alumínio, componentes forjados e um carburador Holley Quadrijet, o motor entrega respeitabilíssimos 450 cv. Em um carro de 1.240 kg, isto significa uma relação peso/potência de 2,75 kg/cv. Com o câmbio manual de três marchas vindo de um Dodge Dart (e atuado por uma alavanca Hurst Indy no assoalho) acoplado a um diferencial Dana 44 de Maverick GT quatro-cilindros com autoblocante (e relação 3,92:1, mais curta que no V8), o resultado são e 6,2 segundos para chegar aos 100 km/h. Também foi instalado um sistema de óxido nitroso (o famoso NOS) que, quando acionado, soma mais 150 cv à potência.
Segue a ficha técnica do motor:
- CHEVY V8 350 ANO 2002.
- BOMBA DE ÓLEO HV
- BIELAS FORJADAS PRA 700 HP
- PISTÕES FORJADOS (13/1 DE TAXA COM CABEÇOTES DE 58CC)
- CABEÇOTES ALUMINIO 58CC, VALVULAS 2.02/1.60, DUTOS DE 210CC.
- COMANDO COMP CAMS 287/305 HIDRÁULICO, LIFT .510/.510, LOBE CENTER 107.
- CORRENTE DUPLA COMP CAMS
- BALANCEIROS FULL ROLLER
- ADMISSÃO EDELBROCK TORKER II
- QUADRIJET HOLLEY 750 MEC SERIE HP (PISTA)
- DISTRIBUIDOR MSD
- BOBINA MSD BLASTER 2
- MSD 6AL
- 3 STEP MSD
- CABOS TAYLOR 10.4MM RACE
- TAMPAS E FILTRO GM PERFORMANCE, ELEMENTO KN
- BOMBA DE ÁGUA ALUMINIO HV
- ALTERNADOR 120 AMP COM REGULADOR INTERNO
- RADIADOR ALUMINIO COM 2 VENTOINHAS 12″ + 1 DE 16″.
- BATERIA NO PORTA-MALAS
Obviamente que, em um projeto como este, não é só trocar o motor, o câmbio e pronto. O carro teve as caixas de roda alargadas para acomodar as novas rodas Cragar SS de 15×6 polegadas na dianteira e absurdas 15×12 polegadas na traseira, calçadas com pneus Pirelli Cinturato P4 175/65 e Mickey Thompson Indy Profile SS 345/50, respectivamente. A suspensão traseira usa um eixo rígido da Hotchkis com sistema four link e amortecedores ajustáveis do tipo coilover, com três regulagens de altura.
E quanto Fernando pede pelo carro? Direto e reto: R$ 100 mil. Óbvio que este não é um valor baixo, mas pelo nível do carro e pela grana e tempo investidos, certamente fica abaixo do que o projeto custou — fora toda a dor de cabeça (procura de peças, mão de obra, acerto do motor) da qual o novo dono irá se livrar. O que você acha?