Eu, minha esposa e Lady Day. |
Está rolando uma discussão bem legal no Forum H-D sobre um cara cuja esposa quer pilotar. Eu tenho sentimentos algo contraditórios a respeito.
Quando voltei a pilotar, já casado e após um longo período sem moto, eu queria porque queria que minha esposa me acompanhasse. Muito pela companhia em si, uma boa porção porque há certas coisas que dão desejo enorme de compartilhar, um pouco porque ir junto é mais fácil que negociar o alvará. E se desejava a garupa, imagine uma companhia com outra moto!
Mas com o tempo, e porque ela nunca realmente curtiu, apesar de, sabendo do meu gosto, sempre me apoiar e até namorar motos comigo, comecei a perceber certas vantagens em rodar sempre sozinho.
Uma destas vantagens vem do meu próprio temperamento ensimesmado. Eu preciso de um tempo em solilóquio para esquecer do mundo e relembrar do que realmente importa. Para descansar e voltar à carga do dia a dia. Acho que, acima de tudo, minha esposa sabe disso e nunca faz muito drama para me conceder o alvará. A "autoridade competente" apenas me exige que nossas agendas sejam combinadas com certa antecedência.
Outra vantagem é que eu realmente detesto andar garupado. Eu confesso, sou um medroso e um meia roda. Na verdade até prefiro confessar isso a cada rolê. Porque assim eu evito todo exagero da autoconfiança. E se é assim solo, imagine garupado, quando a moto muda completamente todo comportamento. Toda vez que minha esposa senta na garupa, eu me sinto como um novato sem saber direito o que fazer a cada reação da moto. Isso traz desconforto a ela, porque percebe minha insegurança, e a mim, porque fico numa tensão dos infernos.
E eu descobri também que, se bem que seja divertida, às vezes, uma companhia em outra moto, no mais das vezes a companhia é um fator gerador de preocupação e tensão constantes. A gente sempre espera encontrar alguma sintonia na tocada e na postura na estrada, mas eu descobri que isso é algo raro. Isso quanto a uma companhia qualquer, imagine a própria esposa! Eu acho que eu ficaria tão preocupado e tenso que boa parte do prazer se esvairia.
A família reunida. |
No fim das contas, eu ainda sinto uma alguma frustração em não poder compartilhar aquelas certas coisas que a estrada nos proporciona. Pelo que, sim, entendo que é um privilégio uma esposa que acompanhe. Mas, no quadro geral, eu realmente prefiro o rodar sozinho, com a compreensão e o apoio da minha esposa e com o prazer de voltar, renovado, a ela e aos meninos. E como é prazeroso, e não menos privilégio, o poder ir a esmo e depois voltar ao calor e ao conforto do lar, aos beijos e abraços de amados que nos amam!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente o que quiser, concordando ou discordando, sugerindo, elogiando ou criticando, mas seja sempre educado. Qualquer comentário que seja ofensivo ou vulgar não será publicado.
Comentários de anônimos sem assinatura também não serão publicados, qualquer que seja seu conteúdo. Nem comentários puramente marketeiros.