terça-feira, 14 de março de 2017

A inquietação que virou quilômetros

No forum H-D o Wissmann nos contou de uma "inquietude de ficar parado", dizendo: "a imagem da estrada correndo embaixo da minha bota é algo que me satisfaz, quase como poesia rondando minha cabeça".

Pois bem, ele preparou um roteiro de viagem e, após algum tempo, ele nos fez um relato desta viagem. Gostei deste relato porque, por um lado, parece com os meus, e, por outro, porque também não parece com os meus. 

Contraditório? Não, uma vez que os aspectos de semelhança e diferença não são os mesmos. Leia e entenda!

Obs.: O texto está um pouco editado por mim, mas é o texto dele, que, gentilmente, permitiu a publicação aqui.

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Antes de partir.
Um bom tempo já passou desde que eu voltei, até porque eu fui em outubro. Já vendi a 1200CB, já chegou a Deluxe, minha mina já veio morar em SP... Muita água debaixo da ponte.

Na época da viagem eu escrevi um diário, documentei bastante coisa, mas acho que foi mais um companheiro meu do que algo que seja necessário compartilhar aqui, acho que o melhor vai ser escrever alguns casos engraçados e curiosidades que eu passei.
Camping.

A viagem durou 12 dias, 6 mil kilometros e eu fui sozinho. Passei por SP, PR, SC, RS, depois subi RS, SC, PR, MS, GO e, por fim, voltei para casa, GO, MG e SP. Acampei muito, fiquei em hotel 4 estrelas, precisei de ajuda, fiquei bebado, tive medo, paguei cachaça pra mendigo e até nadei pelado em cachoeira.

PONTOS ALTOS:
  • Cachoeira Veu da Noiva – Serra do Cipó MG: Esse foi um dos pontos que eu acampei. Lugar lindo em MG, estrada bem vazia pra chegar até lá e no Camping da ACM tem uma piscina natural e uma cachoeira privativa. Conheci um casal de paraguaios aqui e eles me propuzeram na hora do jantar trocar uma caixa de Skol gelada por arroz com atum que eu tinha preparado. Óbvio que eu aceitei.
    Cachoeira.
  • Serra do Rio do Rastro SC: Lugar lindo demais. A serra é magnifica, mas na verdade o que me encantou mesmo foi a estrada para chegar na serra... 60 km de curvas de alta (110/h) onde a pretinha surfava na estrada e eu me sentia muito feliz com aquela dança. Obs: cheguei no topo da SRR e não via um palito na minha frente por causa da neblina, tive que dormir na primeira cidade lá em cima (Bom Jardim da Serra).
    SRR.
  • SC 114: Essa estrada, que fica no meio de SC, estava sendo refeita e tinha trechos nos quais as faixas ainda não tinham sido pintadas no chão, mas meu amigo... Que tapete! Mão embaixo e pedaleira raspando o tempo todo. Que estado maravilhoso é SC e suas estradas e mulheres. Quero muito voltar.
  • Cerveja Polar: Estava em Erechim depois de 430 km de serras, cheguei no boteco, perguntei qual cerveja tinha e o garoto do meu lado já falou: “Se você pergunta que cerveja tem, é porque não é daqui!” Acabei pedindo a Polar, como ele me indicou, e me juntei na mesa da turma dele, gauchada gente boa, cerveja gelada. Mas depois de 12 garrafas de Polar desconfiei, porque só tinha homem do meu lado.
  • Polar.
    • A ajuda em Campo Grande: Chegando em Campo Grande para acampar, eu errei o caminho porque o Google Maps me mandou por uma estrada de terra (e pasmem, não avisa) e eu me enfiei num sobe e desce lazarento que estourou meu sensor de ABS... Ligações feitas, whatsapp bombando de sugestões e descobri a oficina El Camino em CG. Os caras me ajudaram demais, me tranquilizaram, falaram que não tinham a peça, mas que era só continuar sem o ABS que não tinha problema! Foi muito bom ter uma galera capacitada que me ajudou. Enfim, de volta pra estrada.
    • Moto na chuva.
    • O preço da comida fora de SP: Isso é um fato muito bom pra quem é de SP, fora da nossa cidade as coisas são mais baratas... Almoço por 12, 10, 8 reais... Prato de salada, arroz, feijão, carne e batata... Buxo cheio, deita na calçada, fuma e volta pra moto.
    • Comida.
    • Estar na Capital do País de moto com minha mina: Aqui eu fiquei genuinamente emocionado... Eu não conhecia Brasília, e os dois principais objetivos da minha trip eram a SRR e conhecer Brasília. Para o meu prazer, minha mina voou pra lá e passou o fim de semana comigo... Calor do Senegal, hotel 4 estrelas, serviço de quarto, noites de amor sem fim e ainda dois dias passeando pela capital com minha mina na garupa, foi f*da de verdade.
    • Brasília.
    PONTOS BAIXOS:
    • Estradas de MG: Conheço gente que fala que as estradas de Campo Grande são ruins (e realmente são), mas eu nunca vi nada igual as estradas de MG... Em um raio de 200 km de BH é só obra, trânsito, estrada péssima e perigosa. Desculpem-me se faço uma injustiça com meus amigos mineiros, mas quem passar por lá abra o olho. Óbvio que deve ter exceções, mas no meu caso foi isso.
    • Os ventos do Goiás: Cara, aqui meu c* piscava que não passava nem azeite quente. Peguei umas retas chegando em Chapadão do Sul que deviam ter uns 150 km de extensão, chuva forte durante 3 dias... Rapaz, o vento lateral é um perigo! Você anda como ele quer, vai pra onde ele quiser e a monotonia também não ajuda porque 150 km em reta é no mínimo 1 hora sem mudar de direção. Abram o olho e cuidado com o vento lateral.
    Algumas premissas que se fizeram necessárias ao londo da viagem
    • Não existe faixa dupla para motocicleta.
    • Comprometa-se com a velocidade. Num trecho de 600 km em um dia, se você não andar de mão colada, você nunca chega... Não estou falando para fazer c*gada ou algo assim, mas tem que enrrolar sim.
    • Viajar sozinho é uma maravilha. Foi ótimo! Eu me diverti demais. Óbvio que falta alguém para compartilhar os momentos, mas eu amo ficar sozinho... E sabe o melhor? Para ir é só subir na moto e ir: sem enrolação, dá um chapéu na mulher e vai.
    Meu roteiro final foi: São Paulo (SP), Curitiba (PR), Bom Jardim da Serra (SC), Erechim (RS), Toledo (PR), Jaraguari (MS), Rio Verde (GO), Brasilia (DF), Patos de Minas (MG), Serra do Cipó (MG), Santuário do Caraça (MG), São Tome das Letras (MG) e São Paulo (SP).
    Na fronteira.
    Agora em novembro, de moto nova, a viagem é pra Montevideu! Como falaram por aí, viajar de moto é como ser picado pelo mosquito e... Meu chapa, eu já estou contaminado!

    Valeu, seus nóia. 
    Abraços,
    Wissmann.

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    Viram? É parecido, mas é diferente!

    Valeu pelo relato, Wissmann. E, descendo a Montevideo, dê uma passada por aqui. Pode ser que sigamos juntos um trecho da sua viagem!